A Nível de Myself

sexta-feira, novembro 26

Memórias

Pesados flocos de neve caíam sobre seus cabelos, ombros e os braços. A respiração saía com a fumaça habitual a esses dias de frio. "Quanto tempo faz que não sinto a neve?", pensa ele. Enquanto caminhava pela rua deserta e escura, via-se na poças d'água do caminho. Um homem. Homem sabia que era, mas ainda se via naquele quarto solitário, tocando guitarra e cantando canções de esperança por um mundo melhor.
Crescera ali, entre as mesmas latas de lixo que agora chutava. Não as chutava por raiva, mas apenas como uma primitiva forma de ter certeza de que aquilo ainda era seu, ainda fazia parte dele.
O motivo de sua volta não poderia ser explicado com palavras. Talvez com acordes, batidas e solos, mas não com palavras. Ele apenas tinha certeza de que a vida é tão boa quanto as memórias que se tem dela. E ele estava de volta, buscando o que era seu, as suas memórias.
Outra poça d'água, outras lembranças. No reflexo via a si mesmo fugindo das aulas, correndo pelos becos com alguns amigos. Sem saber, na época, a importância que essa imagem ainda teria. Ressucitando memórias das cinzas, lembrou da rebeldia e das contradições do seu tempo de adolescência. "Dissemos que nunca seríamos como eles, mas olhe para nós agora."
Sua jaqueta de couro o protegia do frio que vinha da rua, da neve, do vento e da água. Mas não do frio que vem de dentro. Daquele frio que sobre pela espinha quando, finalmente, nos damos conta de que os momentos chegam e se vão mais rápido do que o cheiro que fica depois da chuva. Chuva que enche o nosso coração de lágrimas que não caem para não expor a nossa fragilidade. Que formam um mar onde nós mesmos somos os piratas em busca do tesouro. E, adivinhem, eu achei um mapa. Eu achei um mapa do tesouro enterrado! Mas mesmo que eu volte para casa de mãos vazias, ainda terei as histórias das cicatrizes de batalha, navios piratas e corações cansados, ossos quebrados e o melhor das amizades que fiz! E quando a minha ampulheta tiver deixado o último grão de areia cair, eu vou lembrar de tudo isso.
Na última poça d'água do caminho, via-se o brilho dos seus olhos. No instante seguinte, só o brilho da lua e de uma lêmpada solitária. Que piscou, piscou e apagou, levando embora as imagens de um reencontro.
It was the first snow of the season
I can almost see you breathin
In the middle of that empty street

Sometimes I still see myself
In that lonesome bedroom
Playin my guitar
And singing songs of hope
For a better future

Life is
Only
As good as the memories we make
And I’m taking back what belongs to me

Polaroids of classrooms unattended
These relics of remembrence
Are just like shipwrecks
Only theyre gone faster
Than the smell after it rains

Last night while everyone was sleepin
I tripped through my old neighborhood
And resurrected memories from ashes

We said that we would never
We were really just like them
Does rebellion ever make a difference

Life is
Only
As good as the memories we make
And I’m taking back what belongs to me
These relics of remembrence
Are just like shipwrecks
Only theyre gone faster
Than the smell after it rains

So long astoria
I found a map to buried treasure
And even if we come home empty handed
Well still have our stories
Of battle scars, pirate ships and wounded hearts,
Broken bones, and all the best of friendships

And when this hourglass
Has filtered out
Its final grain of sand
I raise my glass to the memories we had
This is my wish
This is my wish
Im takin back
Im takin them all back (The Ataris - So Long, Astoria)