A Nível de Myself

quarta-feira, abril 27

Finjindo ser o que ainda não sou

Vejamos... Mesa bagunçada, confere. Barulho, muito barulho, confere. Um teclado que parece que já se encaixa nos dedos, confere. Nada pra fazer, mesmo sabendo que tem um monte de coisas que eu já queria ter feito e estão só esperando para serem começadas, confere. Sono, xícara, café preto bem forte, confere, confere, confere.

É, acho que estou bem próximo da realidade de ser um jornalista. Pelo menos igual ao Spit.

Basta que eu pense ou veja alguém bebendo café e escrevendo no computador para que eu lembre dele. E me vem aquela sensação contrária à do café descendo. É um calor que começa e termina no estômago. Só que parece que atravessa o corpo inteiro. Pense em uma coisa que você quer muito e não consegue entender direito porquê diabos ainda não tem. Você merece, você sabe que ainda vai conseguir, mas você simplesmente ainda não a tem. E não há praticamente nada a ser feito. Se você pensar isso, você sabe como eu me sinto em relação a ser um jornalista.

"Isso não é vida que se mereça", é o que todos dizem. Mas eles não sabem como eu estou ansioso pra entregar aquele texto "pra ontem", pra ficar com gastrite de tanto tomar café preto em jejum, pra ficar cada dia mais gordo por causa do disk-pizza que é a minha janta de cada noite, pra não conseguir ficar acordado às 3 da manhã no meu plantão noturno. Coisas banais pra um jornalista.

Tá certo que nem todos os jornalistas fazem todas essas coisas. Mas mais da metade delas, com certeza. E eu aqui, dando o melhor de mim pra pelo menos finjir que sou um deles. Vai saber porquê... Nem eu sei. Só sei que sou assim.

Ficou bom o texto ou quer eu dê uma enxugada, Senhor Editor?