Faz-de-Conta
Mas a espera acabou. Quer dizer, está pra acabar. Dia 10 de Maio é o dia do lançamento oficial do esperadíssimo Make Believe ("Faz-de-conta", em português), quinto álbum de uma banda que, depois do controverso Maladroit (2002), se não acertar a mão dessa vez, pode ser desacreditada pelos fãs.
Antes, um breve histórico para justificar essa minha última frase.
10/05/1994 - É lançado um disco de capa azul com quatro NERDS (em maiúsculas mesmo!) na capa. A crítica e os fãs vão ao delírio. Clássico instantâneo. Buddy Holly e Undone - Sweater Song viram hits e trazem cada vez mais fãs. Esse é o Weezer (The Blue Album).
24/09/1996 - Dois anos depois, a banda volta às prateleiras com Pinkerton, álbum que pode até não ter emplacado nenhum hit tão significante quanto os do disco anterior, mas conseguiu o feito de ser - até hoje - o disco preferido de 9 entre 10 fãs da banda. Inclusive eu. Emotivo e extremamente pessoal, é uma obra-prima e grande clássico do rock alternativo.
15/05/2001 - Depois de ficarem longe do mainstream sabe-se lá por quais motivos, eles volta m com um "albinho" chamado, de novo, de Weezer. Mas que, por causa da capa verde, ficou conhecido como Green Album. Cheio de músicas "normais", foi considerado fraco pelos fãs, que obviamente esperavam outro Pinkerton da vida. Mesmo não sendo grande coisa, rendeu no mínimo dois hits: Hash Pipe e Island in The Sun.
14/05/2002 - Querendo se redimir com o público, a banda lança o famigerado Maladroit. Dizem as más línguas que o vocalista, letrista, cérebro, líder e mais chato da banda, Rivers Cuomo, teria feito uma extensa pesquisa, analisando todos os aspectos das composições de grandes hits do rock, para a composição desse álbum. Ele queria fabricar um CD sob medida, só com músicas "redondinhas". Acho que depois desse fiasco o moço aprendeu que música não se faz com base em números e estatísticas.
Agora para algo completamente diferente.
:: 10/05/2005 - MAKE BELIEVE
Vamos ao que interessa, então! O faixa-a-faixa do disquinho novo dos caras. *Apertando o play*
01 - Beverly Hills
Em uma palavra? Estranha. Não, não, diferente. Melhor ainda! Ah, mais ou menos isso. Música Pop, feliz, com uma letra tão nerd quanto a capa do primeiro disco. Foi eleita como o primeiro single do álbum, apesar de ser completamente destoante do álbum. Na minha opinião, tem o pior solo da história da banda. Mas a música como um todo é legalzinha. Depois que passar a estranheza você vai até gostar.
Trecho: "Where I come from isn't all that great/ My automobile is a piece of crap/ My fashion sense is a little whack/ And my friends are just as screwy as me/ Beverly Hills/ That's where I want to be"
02 - Perfect Situation
Ah... ISSO SIM é Weezer! Fãs tradicionais, podem ir à loucura, porque essa faixa é puro Pinkerton! Guitarra com o timbre que a gente tanto gosta, baixo segurando legal, peso total no refrão, solo perfeito, vocal cheio de entrega, até um piano e palminhas discretas ao fundo! Não, o Weezer não está perdido! \o/
Trecho: "Tell me there's some hope for me/ I don't want to be lonely/ For the rest of my days on the earth"
03 - This is Such a Pity
Cara, isso é anos oitenta até os ossos! Tecladinho, bateria constante... Você ainda vai ouvir isso na sua balada indie preferida! Ah, se vai! Impossível ouvir sem dançar. Com refrão bem peace and love e letra falando de - adivinhem! - um amor que não deu lá muito certo. Mas espere! Não é só isso! Ainda vem com um solo de guitarras contrapostas que é de chorar.
Trecho: "This is such a pity/ We should give our love to each other/ Not this hate that destroys us"
04 - Hold Me
Essa música já tinha saído por aí em uma versão acústica pra lá de bonitinha. Mas, cá pra nós, a gente quer é peso e distorção! Parece que o Weezer sabe disso, então foi isso que o Weezer nos deu. Uma música sensível, bonitinha, com letra fofa, backing vocals e tudo mais, mas sem esquecer das guitarrias no refrão. Outra que poderia estar no Pinkerton, com um pouco de esforço. Ah, o Rivers canta que é um diabo nessa faixa. O álbum todo está com os vocais super inspirados, mas essa é excepcionalmente bem interpretada.
Trecho: "Hold me/ Take me with you/ Cause I'm lonely/ I am cold/ Hold me"
05 - Peace
Pedindo por paz interior, o nosso amigo Rivers nos presenteia com mais essa belíssima canção. Vou ficar muito repetitivo se eu disser que os vocais estão do caralho nessa aqui também? O único porém é que ela parece uma continuação da última. Quase nem nota-se a transição de uma para a outra, de tão parecidas. Claro que isso não significa que ela seja ruim, mas eles bem que poderiam ter mudado a faixa de lugar.
Trecho: "All these problems/ On my mind/ Make it hard/ For me to think/ There is no way/ I can't stop/ My poor brain/ Is gonna pop/ And I don't have a purpose/ Scattered on the surface/ I need to find some peace"
06 - We Are All On Drugs
Parente muito próxima de Hash Pipe e Dope Nose (apesar de ser um tanto mais fraca), We Are All On Drugs tem cara e jeito de ser o próximo single; potencial ela tem. Com seu refrão com "Yeah!" e "Woo!!", essa seria uma ótima música para se ouvir numa viagem de carro, eu acho. Ainda vai ter muita gente batendo cabeça ao som dessa faixa 06.
Trecho: "When you're out with your friends/ In your new Mercedes Benz/ And you're on drugs/ And you show up late for school/ Cause you think you're really cool/ When you're on drugs"
07 - The Damage in Your Heart
Opa, tem um violino aqui ou é impressão minha? Se não é um violino é uma guitarrinha com um efeito de violino bem legal. E violino sempre é bem vindo em rock alternativo, assim como piano. Deixando isso de lado, temos uma música linda, boa pra pegar no sono, mesmo sem ser uma música que dê sono. Suave e pesada na medida certa (como quase todo o álbum, por sinal), conta com ums harmônicos de guitarra, no refrão, que eu classificaria como uma das coisas mais criativas e bem executadas que o quarteto já fez.
Trecho: "One more tear/ Falling down your face/ Doesn't mean that much/ To the world/ One more loss/ In a losing life/ Doesn't hurt so bad/ Anymore"
08 - Pardon Me
Desculpa aí, gente, mas eu tenho que dizer duas coisas: a) essa música tem uma das letras mais legais do CD e b) esse trocadilho com a palavra "desculpa" foi horrível. Mais uma música com uma bateria linear e meio sem surpresas, mas sem deixar nunca de ser satisfatória. Essa também poderia estar na galeria de músicas que poderiam estar no Blue Album ou no Pinkerton. Notem bem o solo: é praticamente idêntico ao de Can't Stop Loving You, do Van Halen. Ficou engraçado.
Trecho: "Sometimes I let you go/ Sometimes I hurt you so/ I know that I can be/ the meanest person in the world/ So I apologize to you/ And to anyone else that I hurt too/ I may not be a perfect soul/ But I can learn self-control"
09 - My Best Friend
Feliz! Música alegre com um tema alegre. Quantas vezes você já quis declarar toda a sua amizade para aquela pessoa que sempre te ouve e te empresta o ombro quando você precisa chorar, mas não conseguiu por achar ser muito piegas e sentimentalóide? Seus problemas acabaram! É só mandar essa música e pronto. Mas prepare-se para emprestar o seu ombro. Porque a pessoa VAI chorar no refrão que é lindo, lindo, lindo. Provavelmente essa é, ao lado da Perfect Situation, a minha preferida do CD.
Trecho: "You're my best friend/ And I love you/ And I love you/ Yes I do"
10 - The Other Way
Mais um hino dos tímidos. Nessa música, Cuomo canta como ele sempre vira e olha "pro outro lado" quando tem que falar com alguém, com medo de rejeição, dor, essas coisas de nerd. Parece que ele tem bastante empatia com os sentimentos do público. (^_^) Seja como for, é outra música das boas. E essa também tem palmas e backing vocals fofos! Acima da média.
Trecho: "I have always been/ A little shy/ So I'll turn and look/ The other way"
11 - Freak Me Out
Com o perdão de mais um trocadilho, essa música me assustou. (Que horrível!) A verdade é que essa música é mesmo diferente das outras. Mas não como Beverly Hills, que é diferente no sentido de pior. Essa é diferente no sentido de "nossa! Como eles fizeram uma música desse jeito?". A letra fala basicamente de um susto que o Rivers tomou na rua, se eu entendi direito. Apesar da letra, a música não é divertida. Mas poderia dar um clipe bem engraçado. Tem um mini solinho de gaita de boca que ficou muito legal. Dá uma saudade de In The Garage (do primeiro álbum), apesar de também não ter nada a ver com ela. Bem legal.
Trecho: "You came out of nowhere/ Man, you really freak me out/ I'm so afraid of you/ And when I lose my cool/ I don't know what to do"
12 - Haunt You Every Day
Fecha o CD com chave de ouro. Com sete chaves de ouro. A linha de piano por trás dos versos dá o clima de tensão perfeito para preparar a entrada do refrão, com as tradicionais linhas de guitarra que ficam bastante tempo no mesmo acorde. Cara, eu tô aqui enrolando, porque na real não dá pra saber o que falar dessa música. Obra-prima total. Foda. Inexplicável.
Trecho: "When will stupid learn?/ Fire's gonna burn/ Think of consequence/ Then you move when it's your turn"
:: FECHANDO A CAIXINHA
Essa é a sexta vez que eu ouço esse CD. A conclusão a que eu chego é a de que cada vez que você ouve essas músicas, todas bonitinhas, na ordem, a todo volume, com fones de ouvido e tudo mais, elas só vão ficando cada vez melhores e melhores. Ainda ontem eu achava que ele só conseguia ser melhor que o Maladroit. Mas hoje... já estou abrindo um espacinho ali na prateleira, entre o Blue e o Pinkerton.