A Nível de Myself

quarta-feira, setembro 28

Tudo Que Eu Queria

Como foi o show do Weezer? Ah, então senta aí que eu vou te contar. Mas senta mesmo, porque a história é longa...

Antes de tudo eu quero contar não sobre o dia do show, mas sobre os dias anteriores. Aliás, as semanas e meses anteriores. Quero que vocês saibam o quanto a gente esperava por isso. (Quando eu falar "a gente", eu vou estar me referindo à mim e à Érika.) Acho importante que vocês saibam que cada rumor que a Érika lia na internet era acompanhado de um "Não pode ser. Não vou ficar acreditando nisso pra depois não me decepcionar. Prefiro não pensar a respeito." Ela queria mesmo esse show. E eu também, claro. E depois, quando foi tudo confirmado e anunciado, vocês tinham que ver a cara de estou-me-segurando-pra-não-chorar-de-emoção dela. E mais tarde ainda, quando os ingressos foram postos à venda, a menina ficou plantada na frente do computador, atualizando a página do TicketMaster a cada 2 segundos, esperando pra ser a primeiríssima a comprar. E a situação seguiu assim até um dia antes do show. Simplesmente não caía a ficha, pra ela. E eu já estava de um jeito que, por mais que também fosse a realização de um shonho pra mim, o show em si já nem era tão importante. O importante era ela. Era que ela aproveitasse. Que ela matasse essa vontade, realizasse esse sonho, essa coisa que tinha dentro dela e que fazia ela simplesmente não acreditar naquilo que era eminente: ela ia ver um show do Weezer.

Por conta disso, eu aguentei as pontas do nervosismo dela bravamente no dia 24, dia do show. E olha que ela estava ansiosa como eu nunca tinha visto. Nervosa, sensível, sabe? Só não foi mais difícil porque eu entendia perfeitamente o que ela estava passando e fiz de tudo pra fazer ela se sentir confortável e calma. E uma das coisas que fariam ela se sentir confortável e calma era chegar aos portões às 14:30, sendo que eles só abririam às 16:00. Teríamos chegado antes, inclusive, mas pelo número de ingressos vendidos, sabíamos que não adiantaria nada. Chegando às 14:30 ainda conseguimos ser uns dos 20 primeiros a entrar.

E dá-lhe ficar em pé, cansar os joelhos, calcanhares, ficar de saco cheio, agoniado a cada carro com vidros opacos que passasse, pensando se não seriam os caras da banda dentro dele... Coisas que só um grande fã (ou alguém com realmente pouca coisa pra fazer) aguentaria. Tudo isso pra, quando finalmente abriram os portões... enfrentar outra fila. E depois de mais um bom tempo nessa fila (tempo no qual eu consegui convencer a Érika a mandar se foder as calças dela e sentar no chão mesmo, pra se poupar), finalmente entramos. Os mais fanáticos correram pra se agarrar nas grades. Nós não conseguimos, por puro azar, mas achamos que não ia ter problema, afinal, estávamos a meio metro da grade. Só um casalzinho estava na nossa frente. E melhor: tanto o macho quando a fêmea do dito casalzinho eram de baixa estatura, o que facilitaria as coisas pra gente.

Bom, olhamos pro relógio. Não eram nem cinco da tarde ainda. O show do Weezer estava previsto pra começar cerca de uma da manhã. Tínhamos uma longa espera, em pé, sem água, sem comida e sem banheiro, mas estávamos felizes. A gente ia ver o show do Weezer, ora. E isso valia um esforço bem maior do que o que a gente ia passar. Olhamo-nos, tendando passar um pro outro só com o olhar a frase "Chegou a hora, amor... É hoje."

Nisso começaram os shows, um mais demorado do que o outro, e todos cansativamente chatos. Com exceção da banda Rádio de Outono, que é ótima, todos os shows foram maçantes. Em outras circunstâncias eu até teria achado bandas como Biônica, Cidadão Instigado e Acabou La Tequila interessantes, mas quando se está à espera de um show do Weezer, nem mesmo a gente acredita em quão chatos podemos ficar.

Claro que eu dizia pra Érika que estava gostando pelo menos um pouco dos shows. Mas isso era só pra ela se sentir menos cansada. Pra ela não encarar aquilo como simples horas de ficar em pé esperando um show e aturando outros. Queria que ela se divertisse pelo menos um pouco com aquelas bandas fracas que estavam tocando na nossa frente. Mas ela não caiu na minha.

Enfim, estava chegando a hora. Estava começando o último show antes d'O Show. E nós continuávamos ali, firmes e fortes. Com os joelhos cansados, mas com a imagem antecipada do Rivers Cuomo e sua guitarra cor de vinho na nossa frente, a menos de 3 metros de distância. E essa imagem nas nossas cabeças, se não nos dava mais forças, pelo menos nos fazia esquecer um pouco do cansaço.

Mas o que não dava pra deixar de notar era que o cerco estava apertando. Duas meninas que estavam atrás da gente começaram a forçar passagem. E essa foi a minha distração durante aquele show chato: empurrar as meninas pra de onde elas vieram. Disputar meu privilegiado lugar com elas. Mal sabia eu que o menor problema haveria de ser essas duas meninas.

Na visão da Érika, o show se resumiu aos primeiros acordes da primeira música. Antes do Rivers chegar ao refrão da My Name Is Jonas, uma série de FILHOS-DA-PUTA IDIOTAS MAL-AMADOS BUNDÕES FOLGADOS OPORTUNISTAS COVARDES SEM CONSIDERAÇÃO bloqueou a nossa visão. Foi um empurra-empurra geral. Eu nunca tive tanto NOJO de ser brasileiro quanto naquele momento. Eu já cansei de ver shows do Weezer em vídeo, seja em festivais muito maiores ou em pequenos bares, eu nunca vi o público se atropelar, se empurrar e ser tão incrivelmente idiota quanto o público brasileiro. Eu colocava meus braços ao redor dela, tentando proteger e afastar um pouco as pessoas da frante, só pra ela poder ver melhor, mas não adiantou. Antes da quarta música, eu e a Érika, que esperamos DOZE MALDITAS HORAS pra ficar num bom lugar e ver com detalhes a realização do nosso sonho, o show da banda que fez com que a gente se conhecesse, estávamos 4 ou 5 vezes mais distantes do palco. Enquanto os cornos gordos e grandes, possivelmente bêbados, para os quais esse era só mais um show, estavam no nosso lugar. Nunca me senti tão mal em toda a minha vida. Tudo que eu conseguia era chorar. As pessoas pensavam que eu estava chorando de emoção, mas não, era raiva. Pura raiva das pessoas idiotas com as quais a gente é obrigado a conviver. Eu via minha namorada, a pessoa que eu mais amo no mundo, não conseguir ver o show que ela tanto quis, que ela pagou caro... Não dá pra explicar o quanto isso foi revoltante e traumatizante pra mim. Eu nunca mais foi a nenhum show de nenhuma banda que eu queira realmente ver. Shows assim, realizações de sonho, têm muito mais chance de decepcionar a gente do que de nos fazer feliz.

Tudo que eu queria era que ela visse...

Sim, o show foi ótimo, como vocês já devem ter lido por aí. A banda tocou tudo de bom, foi simpática, estava feliz, catou gente da platéia pra tocar junto, fez versão acústica e tocou cover do Foo Fighters. Enfim... o show foi ótimo. Mas esse foi o show do Weezer. O meu show, definitivamente, não foi bom.

E eu odeio o Brasil.

quarta-feira, setembro 14

Escola do Rock - Parte I

O meu irmão tá começando em duas artes muito sublimes. O rock e o blog. No endereço dele, ele colocou um post me agradecendo por um dia eu ter lhe apresentado a boa música. Mesmo que ele não tenha sabido dar valor a isso na época. E agora, que eu estou em outro estado e não posso ter longas conversas com ele sobre boa música, vou usar o meu endereço para passar os ensinamentos básicos do rock 'n roll para os dois pupilos, Luciano (meu irmão) e Dudu (nosso primo e melhor amigo dele).

Começando...

Essa história de rock é hereditário mesmo. Passa de pai pra filho. Nesse caso passou de irmão mais velho pra irmão mais novo. Mas a idéia é a mesma: ouvir rock.

Tu e o Dudu já foram contagiados, mas não pensem vocês que vocês já manjam tudo de rock, hein? Vocês ainda têm muuuito o que aprender sobre essa arte.

Ensinamento #1 - Não virem uns chatos.

Principalmente, vocês têm que aprender a não serem uns chatos. Não tô dizendo que vocês são, só dizendo pra vocês não virarem. Porque muita gente que ouve rock acaba virando um chato total, achando que só o que ele ouve que é legal e o resto é lixo puro. E não é bem assim.

Não saiam na rua chamando música sertaneja de merda, nem algum outro estilo musical. Na verdade, evitem chamar qualquer coisa (exceto Charlie Brown Jr.) de merda. A música sertaneja, por exemplo, faz parte da cultura do Brasil, assim como a música gaúcha e a alemã e muitas outras. Ela pode ser ruim aos nossos ouvidos, mas, como música em si, é completamente válida e devemos respeitar quem gosta.

Essa regra só tem duas exceções: o funk carioca e o pagode "vende-CD". O funk carioca deve ser separado do funk antigo americano, que é bom e veio muito antes de algum retardado inventar essas coisas que hoje em dia o Brasil conhece por funk. Já o pagode "vende-CD" (que é aquele no qual os integrantes não tocam nada além de pandeiro e cavaquinho e ficam lá só se mexendo todos juntinhos e sorrindo, enquanto o menos horrível deles canta alguma música que SEMPRE é sobre dor de cotovelo) deve ser separado do samba e do pagode de raiz. A diferença básica é que o samba e o pagode de raiz são bem divertidos, falando sobre um monte de coisas além de dor de corno. Um exemplo: "Só Pra Contrariar" é pagode vende-CD. Ruim. "Zeca Pagodinho" é pagode de raiz. Bom. "Noel Rosa" é samba. Bom.

Os outros ensinamentos eu coloco no próximo post, que esse já ficou muito grande.

terça-feira, setembro 6

Em uma galáxia não muito longe...

Em mais uma de suas muitas andanças destrutivas pela galáxia, eis que Lorde Vader encontra, em um sombrio e fétido pântano, os temíveis Cavaleiros que Dizem Ni. Segue o diálogo que travou-se, então:

Darth Vader: All your base are belong to us. *shhh... shhh...*
Cavaleiros: Só se você nos trouxer um... Shruberry! Nós queremos um... Shruberry!!! Do contrário... falaremos NI pra você! Ni! Ni!
Darth Vader: NNNNNNNNOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO...

FIM.