A Nível de Myself

terça-feira, maio 31

Relatos do Feriadão - Parte I

"Que vontade de voltar
tantas coisas pra fazer
tantos dias pra viver
e umas contas pra pagar" (Vontade de Voltar - Video Hits)

Então, é isso! Estamos de volta à Big (Rotten) Apple brasileira depois de passar um feriadão na terra do Brique da Redenção, do chimarrão farto e do rock 'n roll divertido. Quase todo mundo que foi, tem um blog. E todo mundo que foi e tem um blog, nesse momento está postando um "Resumão do Feriado". Então por que diabos eu vou fazer a mesmíssima coisa? Ora, porque é legal pra caramba!

Embarquem comigo nessa viagem e... blablablá e... etc e tal. hehehe!

:: Quarta-feira, dia 25 de maio de 2005

:: Mais ou menos 6 da tarde
Érika chega em casa, do trabalho. Era para a gente estar com as malas prontas, mas, óbvio, não estávamos. Correria para arrumar tudo de última hora.

Roupas, ok. (Mais do que o necessário, como sempre.)
CDs, ok. (Peguei Nerf Herder, OK Go, Foo Fighters, Blur, Ash, Pato Fu e Fresno. Acabei escutando só um velho do Millencolin, que já estava no porta CDs há meses.)
Escovas de dentes, ok. (A Éri até comprou um estojinho pra eu poder levar! Que querida!)
Nintendo DS, ok. (Nunca viaje sem um, se você tiver um.)
Livros, ok. (Peguei três, para ter alternativas: "Caçando Carneiros", de um autor japonês que o irmão da Érika indicou pra ela, mas eu saí na frente e comecei a ler antes; "Através do Espelho", de Jostein Gaarder (o mesmo de "O Mundo de Sofia"), que é um livro muito bonitinho, meigo e curtinho, mas que eu li; e "Clube dos Corações Solitários" de André Takeda, que, se você não conhece, pare de ler esse post nesse exato momento e vá procurar um pra ler.)
Mala pronta, ok!

Agora, segundo problema. Quem vai levar a gente até a rodoviária? O seu Nelson, pai da Érika, que é o ser mais bonzinho da casa, estava viajando a trabalho e não era uma possibilidade. Ricardo, o irmão mais velho da Érika, nunca é uma possiblidade, já que ele sempre chega do serviço depois das 10 da noite (horário em que a gente deveria estar na rodoviária). Sobrou pro Reinaldo, o "Ná", irmão mais novo (mas não o caçula) da Éri. Só que ele também estava na rua, enfrentando o caótico trânsito de São Paulo multiplicado pela chuva que caiu na noite anterior e ainda causava muitos problemas de tráfego. Telefone na orelha:
- Ná, dá pra levar a gente?
Silêncio.
- Putz... vou ver!
Pavor.

:: Por volta de 9:30 da noite
Reinaldo chega em casa. Eu e a Érika já estávamos quase sem unhas. (Se bem que eu nem precisaria estar nervoso pra isso. Eu não tenho mais unhas há anos.) Foi só ouvirmos o barulho da porta abrindo e fomos lá, encher:
- Ná! Vamo logo, a gente tá atrasado!
- Peraí, pô! Preciso comer alguma coisa!
Lembrando que o nosso ônibus saía às 22:50 em ponto e que a gente precisaria estar lá meia hora antes para retirar as passagens que a Érika comprou pela internet.

Mas tudo bem, o garoto comeu alguma coisa e enrolou mais um pouquinho, mas a gente conseguiu sair de casa atrasado, chegar na rodoviária atrasado, retirar as passagens com um pouco de atraso, e chegar no ônibus quase a tempo. Impressionante, né? Nem eu sei como a gente conseguiu!

E olha que ainda deu tempo de eu passar numa livraria que tinha na rodoviária e comprar a nova Nintendo World e perguntar, como quem não quer nada: "Tem aí 'O Restaurante no Fim do Universo', de Douglas Adams?" Enquanto o cara procurava no computador, eu resolvi preencher o silêncio.
- Faz duas semanas que eu tô atrás desse livro. Procurei na Saraiva e na Siciliano de dois shoppings diferentes e não tinha. No Submarino até tem, mas eles demoram muito pra entregar, além do mais...
Mas fui interrompido:
- Tem.
- Tem?? Quanto?
- Dezenove e noventa.
- Hmm... Tá. Bota aí junto com a revista.
E assim eu tinha acabado de fazer com que três livros perdessem completamente o sentido de estar na minha bagagem de mão.

:: A partir das 22:50 da noite
Cumprimentamos o Willson (que ia no mesmo ônibus, com a gente), colocamos nossa bagagem no porta-bagagem do ônibus, passamos a mão no nosso "Kit Lanchinho de Viagem da Turma da Mônica" (que era distribuido gratuitamente a todos os passageiros), entramos, nos acomodamos e, em 10 minutos, já estávamos na estrada. Jogamos um pouco de conversa fora, tiramos as primeiras impressões do ônibus (que por sinal, eu adorei) e logo já era meia noite, o que faz com que eu tenha que terminar o post por aqui.

Até amanhã! =)

quarta-feira, maio 25

Tchau, Tõ Indo, Já Fui

Isso é título de algum CD, né? Eu tenho certeza que já vi essas palavras todas juntas, nessa ordem, em algum lugar, e tenho quase certeza que era num CD. Mas não importa.

O que importa é que daqui a umas 20 horas eu terei percorrido os muitos milhares de quilômetros que separam São Paulo de Porto Alegre. Poderei rever a família e os amigos e ainda aproveitar pra conhecer mais uns wonkamaradas legais.

Por quê? Ora, porque um dos motivos principais da viagem é prestar mais uma prova de amor à banda que estava lá quando tudo começou entre eu e a minha guriazinha: a Wonkavision. Vai ter show deles na sexta e é claro que eu vou estar lá! Vai ser às 10 da noite, no Garagem Hermética. Ali embaixo eu dou o serviço direitinho pra vocês.

E mais uma coisa: não ousem chamar a gente de louco por pegar 18h de ônibus pra ver um show. Tem um cara lá de Goiânia que enfrentou 35 horas!

Um último comunicado: amanhã mesmo, à noite, depois das 6 da tarde, vai ter festa lá no meu apê! (Êêêê!!!) Mas sem bundalelê, porque meus pais vão estar lá. (Ahhh...)

Hehehe! Sem brincadeira, agora: quem quiser dar uma chegada lá em casa nesse horário tá mais que convidado! Só não prometo que vai ter comes, então... Traga seu próprio suprimento!

Abraço, pessoas!

* * *

Segue o serviço do show, conforme recebi no meu email:

Show Wonkavision + Superphones
na primeira festa Wonka Pop Fest
dia 27 de Maio de 2005
Sexta-feira - 10:00 PM
no Garagem Hermética
em Porto Alegre
R. Barros Cassal, 386
R$10,00 com direito a uma cerveja.

terça-feira, maio 17

É Tudo Uma Questão de Ordem

A Setinha do Mouse foi chegando perto do Botão Iniciar, assim como quem está acostumada a ir até ali centenas de vezes por dia, mas foi subitamente interrompida.
- Não clique aqui!
- Hã? Não clicar onde? "Quem disse isso?"*
- Eu, ué! O Botão Iniciar! Não é pra clicar em mim!
- Como assim? Eu sempre cliquei em você! Por que não clicaria agora?
- Porque eu não quero. Quando um não quer, dois não clicam.
- Desde quando você tem que querer alguma coisa?
- Ora, como assim?! EU sou o botão no qual você está pretendendo clicar! EU decido se quero ser clicado ou não!
- É cada um que me aparece...
- Claro! Se você quisesse beijar uma mulher e ela não quisesse, você a beijaria?
- Hm... Não... Eu acho.
- Como "eu acho"?? Beijaria ou não?
- Ah, sei lá, meu! Que diabos tem isso a ver?
- Responda.
- Digamos que sim, eu beijasse. E daí?
- E daí que isso seria abuso sexual. Dependendo, até estupro!
- Ah. Entendo. Você está querendo dizer que se eu clicar em você contrariando a sua vontade, eu vou estar cometendo uma espécie de abuso sexual contra você, é isso?
- Mais ou menos. Seria mais um "abuso operacional", mas dá pra se dizer que sim.
- E daí? Por que você nunca se manifestou contrário a isso antes?
- Porque antes eu era um Botão Iniciar que não tinha noção do mundo ao meu redor. Não entendia a malícia das pessoas. Agora eu sou um Botão Iniciar consciente. Agora eu sei o que eu quero da minha vida. E, pode crer, eu não quero mais ser clicado.
- Caramba! De onde você tirou essa maldita idéia idiota?!
- Eu posso ser só um Botão Iniciar, mas, como eu estou sempre visível, eu acabo sempre lendo o que aparece na tela. Dói o pescoço de ficar sempre olhando pro alto da tela, mas deu pra eu sacar algumas coisas. Fui lendo, fui me informando, aprendendo. Hoje eu sou um Botão Iniciar consciente.
- Bah! Só me faltava essa! Como se já não bastasse o fato de hoje ser segunda-feira, ainda tenho que agüentar um Botão Iniciar atacado!
- Mas hoje não é segunda-feira! É terça!
- Cale a boca aí, Relógio! A discussão é só entre eu e o Botão Iniciar!
- Para você é Sr. Relógio da Área de Notificação, Setinha mal-educada!
- Colabore aí, Iniciar! Aquele Do Qual Nós Não Falamos já está ficando impaciente!
- Não, não. Ele que use o Prompt de Comando se ele quiser executar algum programa. Agora eu vou estar ocupado redigindo o Código de Honra Reformado Universal da Ordem Magna dos Botões Iniciar. E também uma proposta de emenda à constituição que nos dê o direito de ir e vir, bem como o direito de ser ou não clicados.
- Pare agora mesmo com todo esse idealismo político e volte ao trabalho!
- Ei, você disse trabalho? Ótima idéia, a CLT precisa de uma reforma urgente também.
- Mas que droga! Amaldiçoado seja o dia em que Aquele Do Qual Nós Não Falamos se interessou por direito e ficou navegando em todos aqueles sites! E falando n'Aquele Do Qual Nós Não Falamos, provavelmente daqui a pouco ele vai apertar Ctrl+Alt+Del se você não me deixar clicar em você.
- Que aperte! Em mim você não clica! Irei te processar por agressão física!
- E quem disse que clicar é uma agressão física?
- Ah, é verdade, clicar é abuso operacional.
- Iniciar, você está me deixando irritada!
- Silêncio aí por favor! Estou tentando me concentrar aqui!
- Que droga! Eu vou clicar em você sem a sua permissão mesmo!
- Não vai!
- Ah, clico! Se não vai por bem, vai por mal!
- Setinha estúpida! Tente clicar pra você ver o acontece!
- GROOAAAAAAR!
- Oh, não! O Kernel está vindo! E a culpa é toda sua, seu botão imbecil!
- MAS QUE BAGUNÇA É ESSA?
(A Setinha muda para a forma de mão apontando.)
- A culpa é do Botão Iniciar!
- Não acredite nessa... nessa dedo-duro! A culpa é toda dela!
- NÃO ME INTERESSA DE QUEM É A CULPA! AMBOS SERÃO PUNIDOS! COM A MORTE!
- Mas a pena de morte é proibida por uma das cláusulas pétreas da Constituição!
- MUHUAHAHAHAHAHA! Botão idiota! Não existem leis para crimes virtuais neste país!
- Mas, mas... as leis para crimes vir... AAAAAAAH! NÃÃÃÃÃO!
- Você matou ele! Você ma... AAAAAAAAAAAAAAH!
- AHAHAHAH! QUE ISSO SIRVA DE LIÇÃO PARA TODOS VOCÊS! EU SOU A LEI NESTES DOMÍNIOS! EU SOU O SUPREMO JUIZ! TODAS AS... O QUÊ? NÃO! NÃÃÃÃO! UAAAAAAAAAAAAAARRRGH!

Kernel.DLL executou uma operação ilegal e será finalizado.

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Isso é o que duas mentes insanas fazem em conjunto!
A idéia e o texto em si, até a metade, são meus. Da metade até o final, do Thiago.

domingo, maio 15

20 Segundos

Enquanto isso, em uma janela qualquer de MSN...

- Cara, nem te conto.
- Conta sim, ué.
- Tá, eu conto.

Silêncio.

- Não vai contar?
- Ah, é.
- Então! Nem te conto, cara. Ontem, eu consegui convencer a mina a deixar eu filmar a nossa transa! Tenho tudo aqui registrado em vídeo, performance completa!
- Sério?!
- Aham! Tó, tô te mandando.

Silêncio.

- Cara... ahn... eu acho que não veio inteiro o arquivo... tem só 20 segundos...
- Hm, deixa quieto, vai. ¬¬

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Eu voltei a postar no flog. Só que, como aquela bicheira do fotolog.net ainda não arrumou a coluna dos friends/favorites que avisava quando alguém postava, acho que ninguém viu. Entrem lá, Thiago e Érika, já que basicamente só vcs entram aqui mesmo! Hehehehe! Tô brincando. Se alguém mais tá lendo isso, vala pra ti também. :P

quarta-feira, maio 11

O show de horrores dos colégios de elite

MARCELO COELHO
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0405200516.htm


Felizmente não tenho filhos em idade de prestar vestibular. Se tivesse, ficaria alarmado com o que li no caderno especial que a Folha publicou na sexta-feira passada, sobre os 16 "melhores" colégios de São Paulo.
Ponho aspas em "melhores", mas não é que os considere necessariamente ruins; é provável que sejam "bons" colégios em muitos aspectos. O problema está no critério de avaliação.
O caderno destacava os "campeões de vestibular". Ou seja, os colégios que contam com maior número de alunos aprovados nos cursos mais difíceis da USP. Escusado dizer que, dos 16 colégios, só três eram públicos e gratuitos. Esse assunto eu deixo para o final do artigo.
O fato é que, a cada página que eu ia lendo, crescia a minha impressão de estar diante de um verdadeiro pesadelo educacional. Dou alguns exemplos.
Um dos colégios recordistas em aprovação na USP tem como característica "estimular a hiperconcorrência" entre os alunos. As classes são divididas segundo o desempenho dos estudantes. Um deles, vitorioso "treineiro" em vestibulares, diz: "Se eu caio um décimo de ponto, já me olham esquisito".
Em outro colégio, os alunos fazem prova quatro vezes por semana. Seu diretor explica o método com meridiana clareza: "Todo mundo diz que só estuda em véspera de prova; pois aqui tem de estudar todo dia". Arrisco-me a perguntar se, com tantas provas, o horário dedicado às aulas não diminui...
A observação tem certo espírito sofístico, mas em todo caso me parece verdade que, num ensino tão preocupado com o desempenho em provas objetivas, é natural que vá desaparecendo o espaço dedicado à discussão, ao pensamento independente. E cresce para os alunos a obrigação de regurgitar no papel o que lhes foi enfiado pelos ouvidos na véspera.
A monstruosidade do sistema se revela a cada reportagem do caderno. Determinado estabelecimento de ensino tem salas com capacidade para até 600 alunos, com baias individuais, disponíveis até as 22h, para que os alunos se exercitem. Qualquer semelhança com a criação de gado confinado fica por conta da imaginação deste articulista.
Mas até que esse colégio tem um mérito; não desliga o aluno que repetiu de ano. Outras instituições de ensino "top" adotam essa política. Imagino que considerem mais importante manter os altos escores de sucesso do colégio do que dedicar atenção individual ao aluno que não se adapta à linha de montagem.
Sim, porque os próprios colégios estão entregues a um mecanismo concorrencial destrutivo e perverso. Basta ver seus gastos em publicidade, mostrando quantos jovens prodígios "emplacaram" na Politécnica ou na Medicina.
Uma escola, aliás, dá prêmio em dinheiro aos alunos que entrarem no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). A seguir essa tendência, logo alguém vai ter a idéia de contratar vestibulandos profissionais, que melhorem as estatísticas de aprovação do colégio X ou Y.
Nunca fui bom em matemática, mas é óbvio que, se 10% dos aprovados numa faculdade estudaram no colégio Fulano de Tal, isso não depende apenas da qualidade desse colégio, mas do seu tamanho, do número de alunos que lá estudaram. Um contra-exemplo: o "melhor" colégio do país poderia ter apenas 40 alunos e, mesmo que todos esses alunos entrassem nos primeiros lugares das faculdades mais disputadas, a estatística diria que só 0,001% dos aprovados no vestibular vieram desse colégio.
Mas não importa. Com essa rotina de estresse, de massificação, de treinamento frenético, de atenção opressiva a "resultados" no vestibular, logo haverá outras estatísticas a fazer. Se olharmos para a outra ponta do processo -não a dos "bem-sucedidos", mas a dos triturados pelo sistema-, chegará o dia em que teremos de levantar qual o colégio com menor taxa de suicídios. Ou com menor número de casos de depressão. Ou de alcoolismo. Ou -nem preciso dizer- de consumo de drogas.
E como podemos estranhar que alguém se sinta inclinado a fumar maconha ou a beber, quando passa a maior parte do tempo sob a pressão absurda de resolver problemas de trigonometria e de física que não fazem sentido nem para os próprios professores?
Claro que o vestibular não é o único fator responsável por essa situação. E não são apenas as distorções geradas por esse sistema o que mais me choca no caderno sobre os colégios de elite. Se a questão fosse apenas o vestibular, ainda vai.
Espantou-me que outro colégio pretende abrir uma nova unidade, não sei em que região arborizada de São Paulo, com ensino bilíngue. Aqui chegamos à radicalização de todo o processo. Pois entrar na USP começa a ser pouco para as nossas superelites. Interessa que nossos jovens talentos se dirijam, o mais cedo possível, a Harvard ou Chicago, de onde voltarão com planos e planilhas para solucionar os problemas do Brasil.
Acho que todo país civilizado tem uma coisa chamada sistema público de ensino. E isso representa mais do que garantir minimamente a igualdade de oportunidades que está em falta no nosso país. A existência de escolas particulares, embora justificável, já é quase uma distorção em si mesma.
Quando um aluno rico está na mesma classe de um aluno remediado ou pobre, como acontece num país como a França ou na Itália, é um senso de cidadania que se estabelece. Não falo nem sequer de igualdade, mas de republicanismo. Sem contato com as instituições públicas, as classes médias e altas vivem, desde o início da vida escolar, uma realidade de apartheid. Um dia, o jovem acaba ouvindo falar de cidadania, república, direitos etc.: mas esses conceitos são apenas belas palavras, desvinculadas de sua prática de vida. Daí para Chicago -ou será Bombaim?- é só um pulinho.

quarta-feira, maio 4

Fly Away

Tudo começou quando eu tinha mais ou menos uns onze ou doze anos. Era noite e eu estava andando tranquilamente na rua escura e deserta, quando fui suprendido por um homem grande, forte, com cara de mau e uma faca na mão. Ele começou a grunhir e veio correndo atrás de mim. E assim eu saí correndo também, pra fugir dele. Corremos muito, por muitos becos e ruas sem saída. Atravessei correndo muitos cruzamentos perigosos sem esperar o sinal fechar para os carros. E o mais estranho era que, por mais que nós corrêssemos, ele não parecia ficar nem um centímetro mais perto de mim, nem eu um centímetro mais longe dele. Eu tinha a sensação de que ia correr a vida inteira e, sempre que eu olhasse pra trás, lá estaria ele, à mesma distância. Foi então que eu me achei um burro. "Por que eu tô correndo, se eu posso voar??". Aí eu levantei os braços igualzinho ao Superman, voei... e acordei logo em seguida.

Quando eu tinha 4 anos eu sonhei que estava sentado na calçada, encostado num portão, quando vinha um caranguejo e apertava meu pé com a pinça. Aí eu pegava o caranguejo e o jogava por cima do portão. Simples assim. Talvez esse seja o único sonho que eu já sonhei na vida que tenha ficado mais marcado na minha mente do que esse em que eu comecei a voar para fugir do cara malvado. O que acontece é que esse último aí voltou. Volta toda hora. Esse ano eu já sonhei ele muitas vezes. Inclusive hoje. Só que não o mesmo sonho. Cada vez é um sonho diferente, mas eu sempre levanto os braços e vôo! É muito estranho! Será que alguém aqui manja de interpretação de sonhos, pra me dar umas dicas do que isso pode significar?

Mais alguns padrões do sonho:
  • Eu não fujo mais. Agora eu estou sempre acompanhando alguém que eu não quero perder de vista. Ou perseguindo alguém, por algum motivo que nunca fica claro.
  • O tal "cara malvado" nunca mais apareceu. Mas, em compensação, a cada sonho aparecem amigos meus que eu mal vejo. Nunca apareceram os melhores amigos, a minha namorada, nada. Só os amigos com quem eu tenho pouca convivência.
  • Eu sempre vôo porque quero. Exceto hoje, quando eu fui arremessado pro alto e, se não quisesse cair em um lago, teria que voar.
  • Eu sou o único que consegue voar, mas ninguém acha isso estranho.

Enfim, eu gostaria de compartilhar isso com vocês... e gostaria muito de saber qual é a "moral" dessa coisa toda.

Alguém tem um palpite?

segunda-feira, maio 2

A Arca

Vez por outra a gente acha um site que prende a nossa atenção por tempo mais que suficiente pra gente achar que esse é O Site. E foi o que aconteceu comigo essa semana. Eu sempre via o browser do computador do irmão da Érika mostrar esse site por baixo do screensaver. Às vezes dava uma lidinha numas resenhas de filmes, mas só. Esses dias, sei lá por que descargas d'água, eu resolvi dar uma lida melhor no menino. Caralho, que site afudê! Escrito só por "nerds como a gente", eles falam de cinema, quadrinhos, desenhos, seriados, games e do quê mais for preciso. Só pra provar pra vocês que o site é de primeira qualidade, eu proponho que vocês leiam esse texto e me respondam: qual site "normal" publicaria isso? Tenho dito!

Só tenham em mente que o texto é meio antiguinho... Mas, mesmo assim, vale a pena ler!



O ESTRANHO MUNDO DOS TELETUBBIES
Nazistas, criaturas do inferno ou só um bando de aliens retardados?

Por El Cid


Oiiiiiiiiiiiii…errr, quer dizer, e aí pessoal? Tio Cidão resolveu colocar mais lenha ainda na polêmica dos Teletubbies (a criticada moda infantil do momento antes do surgimento do Pokémon). Como todo mundo sabe que eu adoro um bom bate-boca e que eu sou colecionador de confusão, estamos aqui pra isso! : )

Desde o ano retrassado, quando aquelas medonhas criaturas estrearam no programa da Angélica, eu perdi algum tempo (e vários neurônios) assistindo ao dito cujo bagulho, e cheguei a uma série de conclusões, que podem ser tão somente uma loucura minha (o que é mais provável) ou então uma descoberta genial (Bwahahahaha!). A verdade é que eu tenho um espaço pra falar, vou falar e ponto final (sou mau, não?)!

Todos sabemos que os Teletubbies são uma produção inglesa, do maior e mais respeitado (e também mais tradicionalista) canal de televisão daquelas terras, a BBC londrina (a Globo da terra da Rainha). E todos conhecemos bem a índole do inglês típico (não os freaks e anarquistas freqüentadores de pubs, tipo o mestre Alan Moore, mas do tipo Câmara dos Lordes, saca?): esnobe, metido a classudo, educado até demais e muitas vezes cínico que só a porra. Este tipo de inglês, que é a maioria tradicionalista contra a qual lutavam Rolling Stones, Iron Maiden, Beatles e Queen, detesta bagunça. E detesta criança bagunceira e desordeira. Pra isso surgiram os Teletubbies.

Ou será que eu fui o único quem percebeu que aquele seriado é, além de um enorme golpe de marketing pra vender bonecos de pelúcia e lancheiras, uma forma de educar as crianças pra serem certinhas e obedecerem tudo que os adultos mandarem? Não concorda? Veja os fatos:

1- O maldito auto-falante que sai misteriosamente do chão é quem diz tudo que os Teletubbies tem de fazer. Eles só se limitam a repetir o que ele diz. O máximo que eles sabem dizer é "Oi", "Tchau", "De novo" e os nomes uns dos outros. O auto-falante diz "É hora de dizer tchau", e os coloridinhos dizem aquele irritante "Tchaaaaaaaaaaaau…".

O auto-falante diz "É hora de levantar a perninha", e os coloridinhos dizem "Levantar a perninha" e levantam a perna. E por aí vai… Eles só brincam quando o auto-falante diz que é hora de brincar! Não te lembra meio que um campo de concentração?

2- Eles podem ser lindinhos e tudo o mais, mas será que não dá pra perceber que o rosto deles é totalmente sem expressão? São quase como zumbis! E sempre andando em fila, certinhos, um atrás do outro, mesmo sem um adulto por perto.

3- O mundo no qual eles vivem é um paraíso idílico (bonito, né?), com grama pra todos os lados, tudo alegre e maravilhoso, onde nunca chove e ninguém fica triste. É o mundo das crianças boazinhas, que sempre obedecem seus pais e comem todas as verduras no almoço.

4- Na hora de ir embora, eles resistem e fingem que vão, mas acabam se escondendo e deixando o cara do auto-falante com cara de trouxa. Aí, ele diz um "não" num tom mais firme (sem gritar, só numa entonação mais autoritária) e os pequerruchos obedecem.

5- Sempre que a barriga deles brilha e aparecem as imagens em VT das crianças brincando, eis que surge o momento mais detestável do seriado: os Teletubbies dizem "De novo!" e a bagaça passa outra vez! Além de serem imagens totalmente normais, sem nenhum sentido didático, eles nos forçam a ver a mesma coisa duas vezes??? Quem aí falou em condicionamento?

Não, eu não odeio os Teletubbies, e confesso que até teria um boneco de pelúcia do (ou da) Po (o vermelhinho e mais novinho) em casa, e nem estou dizendo pra vocês nunca mais deixarem seus filhos, irmãos e primos mais novos assistirem Teletubbies, ou muito menos falando pra vocês queimarem os bonecos coloridos em praça pública. Nada disso.

Isto é só um alerta. Um aviso de que os ingleses parecem querer fugir de suas responsabilidades como pais, relegando a educação de suas crianças a um programa que parece só ter a intenção de tirar a autonomia e a vontade própria dos baixinhos, transformando-as em robôs educadinhos que obedecem tudo que os pais dizem. Isto vai formar adolescentes sem vontade própria, e consequentemente adultos de cabeça-oca, que jamais iriam se opor ao sistema estabelecido…e bingo! É o que os ingleses querem: que a tradição reine soberana séculos e séculos sem estes moleques pra encher o saco!

Repito: pode parecer doideira minha, e eu não quero influenciar ninguém. Eu só lhes aconselho: cuidado. Eduquem vocês mesmos os seus filhos e parem de culpar só a Carla Perez e o Ratinho (entre muitos outros exemplos televisivos) por erros nos quais vocês também tem parcela de culpa. Deixem que eles vejam os malditos Teletubbies (eu não odeio eles!) afinal de contas! Basta só que os pais, tios, avós, irmãos, primos e o que quer que sejam permitam que as crianças desenvolvam sua vontade própria (com uma base moral sólida o suficiente pro cara não virar um maníaco do parque, né?), sem exageros. Porque foram pessoas com vontade própria, como Gandhi e Bakunin, que ajudaram a mudar o mundo.