A Nível de Myself

quarta-feira, julho 27

Pode Pular Esse...

Faz tanto tempo que eu não escrevo só por escrever... Faz tanto tempo que eu não me abro com uma janela do Bloco de Notas enquanto ouço alguma música que esprema meus sentimentos como um espremedor de laranjas espreme o suco de uma... bem, de uma laranja, claro.

Faz tanto tempo, que eu já nem sei se eu ainda sei fazer isso. Mas, mais importante que isso, nos últimos tempo eu já não sei se eu ainda
quero fazer isso. Quando eu saí do meu lar, do lugar de onde eu vim, "where everybody knows my name", eu saí cheio de sonhos e esperanças e desejos de prosperidade. Eu sabia que não seria fácil, mas julgava ser ao menos possível. Agora eu vejo que não há nada que eu possa fazer além de jogar a minha vida ao alto e esperar que alguém pegue. E, acreditem, eu já fiz isso umas boas centenas de vezes e até agora ninguém pegou. Ninguém pareceu nem ao menos ver que havia uma vida ali, ao invés de um simples papel com algumas informações a meu respeito.

Eu gostaria muito de saber o que pensa um empregador, um cara que anda de carro do ano (zero quilômetro, claro), quando pega um currículo na mão. Mais especificamente, quando pega o meu currículo.

Será que ele simplesmente joga o meu currículo longe só porque eu moro relativamente longe da empresa dele? Será que ele pensa que eu não consigo pegar um ônibus a mais, acordar mais cedo ou sair mais tarde? Será que ele pensa que eu não sou bom o suficiente? Será que é possível que, quando ele vê no meu currículo que atualmente eu não estou estudando, ele pense "ih, esse aí é vagabundo preguiçoso" antes de pensar "pô, o cara tá precisando trabalhar pra pagar os estudos..."? Será que o meu cabelo abaixo dos ombros me torna menos qualificado para ser simpático? Será que... Ufa, eu estou cansado. Cansado, sim, desanimado, sim, me sentindo como um peixe no meio do maior oceano da Terra só esperando para ser pescado por alguém em um barco que não parece estar nem perto, sim. Mas eu sou brasileiro, e não desisto nunca.


Ou melhor. Eu não desisto nunca, e isso não tem nada a ver com o fato de eu ser brasileiro.