Às vezes, bem raramente mesmo, eu penso que música talvez não seja tão legal assim. Talvez não justifique toda essa paixão que eu e a maioria das pessoas que eu conheço nutrem. Afinal, por que ouvir só música se a própria música está inserida em muitas outras formas de arte? A dança não seria nada sem música. O cinema mudo já era faz muito tempo. Os videogames investem cada vez mais em trilha sonora, seja comprando os direitos de músicas de bandas que estejam em evidência ou contratando suas próprias orquestras e compositores para seus jogos. Então, pra quê ouvir só música? Vá ao teatro, vá ao cinema ou jogue videogame. A música estará também, certo?
Bem, esse raciocínio louco passa mesmo pela minha cabeça às vezes. Normalmente quando eu estou em um dia mais analítico, racional. Hoje, por exemplo. E nem dá pra culpar, porque música pode ser um treco bem chato mesmo, dependendo do quê você for escutar.
Mas aí eu sento na frente do PC, abro o Winamp e coloco pra tocar coisas que... me tocam. E pronto, lá se vai o raciocínio idiota! Aliás, lá se vão todos os raciocínios da minha cabeça. Porque... música serve exatamente pra isso.
Pra fazer a gente parar de raciocinar com a cabeça e raciocinar com o coração.
Uma coisa que eu me lembro muito bem é de, quando criança, ter estragado três relógios. Os três foram presentes. E eu também me lembro muito bem de não ter sentido nenhum remorso, de não ter me sentido nem um pouco mal por ter estragado os presentes que me deram. Não que eu fosse uma criança má, é só que todos os relógios vinham com a frase "Water Resist", bem grande, impressa na embalagem, e eu já sabia inglês suficiente pra saber que aquilo significava "à prova d'água". Como eu ia me sentir mal por tê-los estragado se tudo que eu fazia era tomar banho, sair na chuva e ficar na piscina com eles? Ora, era obrigação deles se manterem funcionando! A culpa não era minha.
E desde que eu estraguei o primeiro dos três relógios dessa maneira, meu pai já me deixou bem avisado. "Dessa vez não vá colocar o relógio na água de novo, guri!" Mas que culpa tinha eu se os próximos relógios viriam com a mesma frase impressa na embalagem - e com letras ainda maiores?
Não tem jeito, é assim que eu sou. Eu acredito no mundo, acredito nas leis, nas regras. Se bobear, acredito até na mais utópica das coisas: a política brasileira funcionando.
Mas por que eu estou dizendo isso? Porque eu preciso seguir essa linha de raciocínio de novo.
Desde que eu cheguei aqui em São Paulo, todas as vezes que a frase "parece que as coisas estão melhorando/vão melhorar" ou qualquer uma das suas muitas variações foi dita, seja por mim ou pela Érika, alguma merda aconteceu. Alguma coisa desandou. Tanto que a gente, mesmo sem tocar muito no assunto, quase combinou de nunca mais falar nada quando as coisas estiverem melhorando. Mas, poxa, será que não é ainda pior? A vida tem mesmo seus altos e baixos. Será que não é nosso dever sobreviver aos baixos e comemorar os altos, assim como era dever do relógio "sobreviver" à água?
Então, foda-se. Aconteça o que acontecer, eu estou pronto. Lá vai:
Antes de qualquer outra coisa, quero deixar isso bem claro: a melhor coisa que eu fiz na vida foi ter me mudado pra São Paulo. Eu estou feliz, tenho a melhor namorada do mundo, estou cada dia aprendendo mais e mais sobre mim, sobre as pessoas e sobre o mundo. Fiz muita coisa errada, pisei na bola, falei e fiz coisas que não deveria, mas ainda assim acho que estou indo bem. O futuro que eu imagino há mais de um ano e meio está demorando mais do que o esperado pra chegar, mas vai. Eu sei que vai.
Dito isso, deixa eu gritar: CARALHO, QUE SAUDADE DE CASA!
Eu não voltaria pra casa em caráter permanente. Tenho consciência de que o meu futuro está aqui. Ou em algum outro lugar, mas não no Rio Grande do Sul, por mais que eu goste dele. Mas, cara, que vontade de passar uma semana como eu passava ano passado. Uma semaninha. Eu gostaria de poder ficar uma semana fazendo as coisas que eu fazia e encontrando as pessoas que eu encontrava até ano passado. Claro que eu ia querer levar a Érika junto, porque eu não consigo mais viver sem essa menina, mas, de resto, queria que tudo fosse igual.
Segunda a sexta: - Pegar o carro e dar uma volta pela cidade, com ela. Passar pela 59, Parque da Matriz, pelo centro, pela Flores da Cunha toda, pela área da Igreja onde eu fazia o CLJ, onde o Mau mora, onde eu estudei... Enfim, relembrar brevemente todos os cenários da minha velha vida. O legal é que a cidade é tão pequena que dá pra fazer isso tudo em um dia só. - Jantar a velha comida da mãe. Arroz, feijão e massa sem molho. Bah, eu nem devo gostar mais disso, mas só pelo fator nostalgia já ia valer. - Dar uns cascudos (de brincadeira) no meu irmão. - Tocar algumas coisas com ele, e passar bastante tempo conversando com ele sobre tudo que está acontecendo nas nossas vidas. - Pegar o violão, colocar na sacolinha e ir tocar com meus amigos, de noite, na casa de alguém. Mas todo mundo tinha que ir. Maurício, André, Thiago, Vinícius, Éverly e todo o pessoal do CLJ que já tenha tocado violão comigo pelo menos uma vez. Pode ser na casa de qualquer um deles, ou minha mesmo, mas ia ser muito legal. Eu aprendi a tocar junto com essas pessoas, no tempo em que a gente só sabia tocar Here Comes Your Man e Big Me. Foram praticamente eles que me ensinaram as primeiras notas. Eu nunca vou esquecer do Maurício me ensinando a tocar Lithium, do Nirvana. E depois eu ensinando o solo da Smells Like Teen Spirit pra Rita. A primeira vez que eu vi uma guitarra na minha frente foi na casa do Thiago. A minha própria guitarra foi comprada com a intenção de montar uma banda com o Maurício e com essas pessoas. Enfim, essas pessoas são importantes pra cacete. - Ir um dia na casa do Maurício, outro na casa do André e outro na casa do Vínicius. Não porque eles sejam mais ou menos especiais do que qualquer outro amigo. É só que eu costumava fazer isso, e era tão legal... ia na casa do Maurício mais frequentemente (porque a dele era a mais acessível. :P), a gente tocava um pouco, assistia alguma coisa na TV, jogava alguma coisa no computador, falava besteira, dava lição de moral um no outro... Nada útil. Mas era tão legal. :) Na do André era a mesma coisa, só que a gente ouvia mais música e conversava mais e jogava menos e tocava menos. E a do Vinícius era a que rendia os melhores papos... e as melhores jam sessions! Pena que eu não fui tanto lá... Saudade. - Ouvir muito Hardcore/PunkRock. Não me entendam mal: eu curto indie/alternativo. Curto pop. Curto até MPB, se bobear. Mas nada com o bom e velho Hardcore Californiano pra me lembrar do passado. Eu cresci ouvindo essas merdas! (No sentido mais carinhoso que a palavra "merda" possa ter.) Começou com Offspring, mas logo já era Green Day, Blink 182, The Ataris, No Use For a Name, Lagwagon, Less Than Jake, MxPx, Dead Fish e por aí vai... Nenhum tipo de música tem tanto "cheirinho de casa" do HC. - Cinema no Shopping do Vale na quarta-feira. Sim, porque a gente é pobre e só vai quando é meia entrada pra todo mundo! \o/ - Ir comer X-Frango ou Pizza Xadrez no Rota 99. - Ir alugar filme na Luchi Video. - Ouvir o Cafézinho e o Pijama Show pelo menos uma vez. - Ir dar uma banda no bom e velho Colégio Estadual Rodrigues Alves e ver se eu ainda conheço alguém de lá. Se não encontrar nenhjm conhecido, tudo bem. Só passar de novo por aqueles corredores já vai ser legal pra caramba. - Ir até o São Mateus. Não é só porque aquele lugar é o mais próximo do inferno que eu já estive que eu vou deixar de dar uma passadinha lá também. Algumas coisas eu aprendi lá. A principal? Nunca tente ser popular se for preciso mudar um único traço da tua personalidade. E mande à merda quem tiver que ser mandado. Sábado: - CLJ! \o/ Nem sou mais católico direito (que diferença isso faz, afinal?), mas não abriria mão de passar a tarde lá, com as pessoas que me ensinaram que ser legal e bondoso é um dever. E que ninguém ridicularizado por isso. Ou melhor, até é, mas e daí? Quem ridiculariza alguém que faz o bem, não merece a nossa atenção. Nossa, quantas histórias e lembranças eu tenho daquele lugar. Quantas pessoas queridas que não vão sair do meu coração nunca mais. Quantos segredos passando de um ouvido pro outro. Até mesmo as lágrimas são lembranças felizes, agora. Quantas músicas que eu ainda lembro. Quantos depoimentos, pessoas abrindo o coração... Quantos exemplos bons (e alguns ruins também) que peguei lá... Enfim, nem ferrando que eu ia perder a reunião do CLJ nessa semana hipotética. E, claro que, depois do CLJ...
- ...filme na casa de alguém! Basta um filme (pode ser qualquer um, afinal, o lance é a galera!) e alguma comida, por pior que seja, pra fazer a alegria do pessoal na noite de sábado. Discovery é o caramba! Legal eram essas reuniõezinhas na casa de alguém. Claro que alguém sempre falta porque a mãe não deixa, ou tem que voltar muito cedo pelo mesmo motivo... Mas isso também faz parte. =)
Domingo: - Redenção na veia! Eu nem gostava tanto assim de ir na Redenção, mas não seria louco de deixar de ir onde todos os punk-hardcore-emo boyz & girlz se encontram todo domingo. Até porque costuma rolar showzinho de HC sempre em algum lugar por perto. E uma das coisas que eu mais sinto falta é disso: showzinhos de HC. Por míseros três honestos reaizinhos eu via quase 10 bandas honestas, fazendo seu som honestamente, pelo simples prazer de fazê-lo. E é daí que sai música boa. Se eu desse sorte, ainda acabava num show da Hauri, onde ia finalmente fazer aquela prometida participação na guitarra durante a Regras Pra Viver, né, Fisher? (Até parece que ele vai ler isso... :P) É, isso aí já tava bom. Mas, principalmente, dar um abraço em cada amigo meu, porque todos eles são e/ou foram importantes pra caralho pra mim. E, claro, finalmente apresentar a mulher da minha vida pra todo mundo, já que tem um tanto de gente que ainda não conheceu a peça. Hehehe!
Quem precisa de círculo social na tela do computador? Eu descobri que o Pablo Miyazawa é co-fundador do Gardenal.org junto com o Bruno, que é namorado da Vivi, que é irmã da Ana, que eu conheci através do Ricardo, que é irmão da minha namorada, a Érika, e me convidou pra tocar guitarra na mesma banda que ele também toca guitarra e que ela (a Ana) toca baixo. E tudo isso sem um clique, scrap, spam, testimonial ou nada disso.
É a vida como ela é.
(E esse post tá pequeno e chato porque o grande e legal que eu tava escrevendo se perdeu em meio a eventos que incluem um computador ligado, uma tomada sendo abrubtamente desplugada e um blogueiro preguiçoso que precisa aprender a salvar seus textos antes de sair da frente da máquina.)
i.di.os.sin.cra.si.a
s. f. 1. Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa. 2. Psicol. Qualquer detalhe de conduta próprio de determinado indivíduo.
Idiossincrasias. Vi essa palavra no encarte do CD da Wonkavision e achei ela tão legal que resolvi adotar como tema desse blog.
Sim, esse blog é sobre as idiossincrasias da vida. Seja lá o que isso REALMENTE signifique.
Medo? Vergonha? Duas coisas que eu tento afastar o máximo possível de mim, apesar de muitas vezes não conseguir, ainda mais nessa fase complicada da minha vida.
Sou um apaixonado por música, games e pela minha namorada. De verdade.
O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams (o mestre) // Clube dos Corações Solitários, de André Takeda
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